Bodes expiatórios<br>e «mexeruquismo» nacionalista
Por via dos meios de comunicações disponíveis - nomeadamente os canais da televisão, os pagos e os outros, e os meios disponibilizados pela Internet - lá fomos (lá fui eu também) acompanhando os lances dos Jogos Olímpicos de Beijing. De dia ou de noite, já que eram sete os fusos horários de diferença. Na verdade, hoje o «ecossistema» comunicacional é muito diferente do que era quando o signatário cumpriu na Cidade do México, «pior do que melhor», há uns quarenta anos, a sua parte na missão olímpica respectiva.
É um truísmo, este, o da mutação do ambiente comunicacional em que estamos imersos. Mas quem imaginaria, nesse tempo, que mais tarde - chegados ao novo Milénio - um «olímpico» português ou de outra nacionalidade, pudesse vir a informar os telespectadores, nas suas declarações televisivas, acerca do seu desgosto da pressão exercida sobre ele, já na RP da China, em plena época dos Jogos Olímpicos (JOs), no caso vertente através de mensagens de correio electrónico, acusando-o de estar a passear à custa do dinheiro dos contribuintes?
Estou a referir-me, por exemplo, às declarações do destacado velejador Gustavo Lima, quando entrevistado - interpelado por ocasião de ter «perdido» uma medalha -, pois ficara, vejam lá num «mísero» 4.º lugar, «frustrando» as esperanças de «todos nós», que até lhe havíamos pago aquela «principesca» passeata até à China?
Parêntesis 1. É claro que esta paranóia das medalhas, incluindo da qualidade do metal de que são feitas - paranóia também estendida aos outros países, não estamos sós no Mundo! -, e o ela estar ligada à honra das pátrias, já começa a cheirar mesmo bastante mal! Podia ter-se ficado pelos campeões olímpicos, que o resto é já um pouco, no mínimo, confuso: medalhas para os dois 3.ºs aequontar os oito primeiros, os kings somam medalhas de lugares diversos, de alhos com bugalhos, sei lá que mais. E se dantes se perdia, caso não se fosse o campeão olímpico, agora perde-se do 4.º lugar para baixo, etc…
Parêntesis 2. É claro também que todos - mas todos - os atletas olímpicos portugueses presentes ganharam o seu direito à presença, por vezes cumprindo performances mínimas mais exigentes que as das respectivas federações internacionais. Por isso, não esteve presente em Beijing o futebol da FPF, a modalidade mais rica de todas, que mais dinheiro tem, que recebeu uma comparticipação financeira bem importante para a preparação para estes JOs, simplesmente porque a selecção foi eliminada previamente, sem apelo nem agravo. Aliás, caso raríssimo na história olímpica portuguesa, o «nosso» futebol conseguiu participar nos JOs de Atenas, onde, utilizando os termos jornalístico
desportivos «nacionais» - que não os meus -, realizou uma performance destacadamente desgraçada…
Contudo, o prato forte de mediatização dos «portugas» nos JOs ocorreu através da comunicação social, nomeadamente da televisão. De tal forma foi assim, que até conseguiram enviar de volta, antes do tempo, um dos atletas da nossa delegação, o lançador de peso Marco Fortes.
Parêntesis 3. Para quem não saiba - e peço desculpa do meu fraco saber, de não ser especialista do atletismo, a minha modalidade é a esgrima -, Marco Fortes deve ser já o melhor lançador português de todos os tempos, considerando mulheres e homens, e as quatro disciplinas. Mais, distingue-se numa disciplina tradicionalmente das mais fracas do panorama atlético português. Pois o jovem Marco Fortes, foi o primeiro a passar, e já várias vezes, os míticos 20 metros com a esfera de 15 libras. É obra. E obra que só foi conseguida à custa de muito, persistente e superdisciplinado trabalho, desde o dealbar da adolescência. E sempre cedo saído da caminha, para empregar a sua feliz expressão, quando os outros, incluindo dirigentes e jornalistas ainda estarão nos braços de Morfeu…
Os mexerucas já estavam nervosos porque a chuva de medalhas nunca mais começava. E aquela educada (e engraçada) reacção do Marco, reagindo ao ambiente de provocação mediática reinante e à manifestada incompetência crassa dos dirigentes (eles que me desculpem mas posso tirar outras conclusões), veio mesmo a calhar para quem buscava um bode expiatório. Castigaram o Marco, mas fecharam os olhos a quem teve mau perder, a quem não cumpriu obrigações de competição e a quem ajudou à festa com o seu padrão amarelo de mau coleguismo. Mal hajam senhores dirigentes. Se calhar, outra coisa não seria de esperar.
É um truísmo, este, o da mutação do ambiente comunicacional em que estamos imersos. Mas quem imaginaria, nesse tempo, que mais tarde - chegados ao novo Milénio - um «olímpico» português ou de outra nacionalidade, pudesse vir a informar os telespectadores, nas suas declarações televisivas, acerca do seu desgosto da pressão exercida sobre ele, já na RP da China, em plena época dos Jogos Olímpicos (JOs), no caso vertente através de mensagens de correio electrónico, acusando-o de estar a passear à custa do dinheiro dos contribuintes?
Estou a referir-me, por exemplo, às declarações do destacado velejador Gustavo Lima, quando entrevistado - interpelado por ocasião de ter «perdido» uma medalha -, pois ficara, vejam lá num «mísero» 4.º lugar, «frustrando» as esperanças de «todos nós», que até lhe havíamos pago aquela «principesca» passeata até à China?
Parêntesis 1. É claro que esta paranóia das medalhas, incluindo da qualidade do metal de que são feitas - paranóia também estendida aos outros países, não estamos sós no Mundo! -, e o ela estar ligada à honra das pátrias, já começa a cheirar mesmo bastante mal! Podia ter-se ficado pelos campeões olímpicos, que o resto é já um pouco, no mínimo, confuso: medalhas para os dois 3.ºs aequontar os oito primeiros, os kings somam medalhas de lugares diversos, de alhos com bugalhos, sei lá que mais. E se dantes se perdia, caso não se fosse o campeão olímpico, agora perde-se do 4.º lugar para baixo, etc…
Parêntesis 2. É claro também que todos - mas todos - os atletas olímpicos portugueses presentes ganharam o seu direito à presença, por vezes cumprindo performances mínimas mais exigentes que as das respectivas federações internacionais. Por isso, não esteve presente em Beijing o futebol da FPF, a modalidade mais rica de todas, que mais dinheiro tem, que recebeu uma comparticipação financeira bem importante para a preparação para estes JOs, simplesmente porque a selecção foi eliminada previamente, sem apelo nem agravo. Aliás, caso raríssimo na história olímpica portuguesa, o «nosso» futebol conseguiu participar nos JOs de Atenas, onde, utilizando os termos jornalístico
desportivos «nacionais» - que não os meus -, realizou uma performance destacadamente desgraçada…
Contudo, o prato forte de mediatização dos «portugas» nos JOs ocorreu através da comunicação social, nomeadamente da televisão. De tal forma foi assim, que até conseguiram enviar de volta, antes do tempo, um dos atletas da nossa delegação, o lançador de peso Marco Fortes.
Parêntesis 3. Para quem não saiba - e peço desculpa do meu fraco saber, de não ser especialista do atletismo, a minha modalidade é a esgrima -, Marco Fortes deve ser já o melhor lançador português de todos os tempos, considerando mulheres e homens, e as quatro disciplinas. Mais, distingue-se numa disciplina tradicionalmente das mais fracas do panorama atlético português. Pois o jovem Marco Fortes, foi o primeiro a passar, e já várias vezes, os míticos 20 metros com a esfera de 15 libras. É obra. E obra que só foi conseguida à custa de muito, persistente e superdisciplinado trabalho, desde o dealbar da adolescência. E sempre cedo saído da caminha, para empregar a sua feliz expressão, quando os outros, incluindo dirigentes e jornalistas ainda estarão nos braços de Morfeu…
Os mexerucas já estavam nervosos porque a chuva de medalhas nunca mais começava. E aquela educada (e engraçada) reacção do Marco, reagindo ao ambiente de provocação mediática reinante e à manifestada incompetência crassa dos dirigentes (eles que me desculpem mas posso tirar outras conclusões), veio mesmo a calhar para quem buscava um bode expiatório. Castigaram o Marco, mas fecharam os olhos a quem teve mau perder, a quem não cumpriu obrigações de competição e a quem ajudou à festa com o seu padrão amarelo de mau coleguismo. Mal hajam senhores dirigentes. Se calhar, outra coisa não seria de esperar.